Mercado interno impacta preços da cadeia do arroz
Ofertas abaixo de R$ 10,00 por cinco quilos nos supermercados, resistência a repasses e indicador em queda por quatro dias úteis é reflexo do momento doméstico
Se nas vendas internacionais o Brasil vai bem, obrigado, o mesmo não está acontecendo com o mercado doméstico quando se trata do mercado de arroz. A frase “o mercado mudou” voltou a ser ouvida nas duas últimas semanas, mas no sentido oposto ao que se ouvia depois de 15 de março com o surgimento das compras de pânico por causa do Covid-19.
As resistências no varejo em aceitar repasse de preços da indústria, e do próprio consumidor que prefere as ofertas, levou as grandes companhias a estabelecer patamar de compra de matéria-prima abaixo das cotações médias para a exportação. Como já havíamos abordado antes, os preços seguem descolando na relação entre o comércio doméstico e o internacional. Em alguns casos, até R$ 10,00 em diferença para o porto (frete de R$ 3,50 a R$ 5,00 incluso).
Enquanto algumas tradings aceitaram negociar arroz por até R$ 72,00 há 10 dias, mas mantêm a referência de R$ 70,00 para o produto de 58×10, 50kg, posto no Porto de Rio Grande, as indústrias que atuam internamente não acompanham estes preços. Isso chegou a gerar retração das cotações na Região Central, que beliscou os R$ 60,00 por saca e recuou até R$ 59,00.
O movimento de queda-de-braço pendeu contra quem precisou liquidar lotes para fazer caixa e enfrentar os compromissos de folha de pessoal e pagamentos variados nesta virada de mês, mas também é bom lembrar que algumas linhas de crédito de custeio, em especial nos bancos privados e cooperativos, já começam a vencer agora em junho, o que força o agricultor a ofertar parte de seus estoques. Uma parte dos produtores antecipou pagamento, com a venda dos lotes iniciais, conseguindo bonificação nos juros.
Com o varejo travado para novos pedidos, até porque já havia fracionado as compras após a concentração e antecipação de março/abril, a indústria precisou de maior esforço para negociar novos contratos. Abastecidos, os supermercados e atacados começaram a usar o arroz como fator de atração aos consumidores na virada do mês, quando entram salários, pensões e mais um lote de auxílio-social.
Desta maneira foi possível identificar nos preços ao consumidor, o pacote de cinco quilos de arroz branco, do Tipo 1, com diferença de mais de 140%. Exemplo é o pacote de 5kg do arroz Líder do Sul, por R$ 9,98 enquanto a marca mais demandada no país, Tio João, era comercializada a R$ 23,99, na sexta-feira, em lojas do interior gaúcho. As ofertas, nos varejistas também voltaram a predominar e derrubaram a referência ao consumidor pesquisada por Planeta Arroz nos últimos dias de maio e início de junho.
Para o analista da AgroDados/Planeta Arroz, Cleiton Evandro dos Santos, o preço de venda faz parte da estratégia de cada estabelecimento. “Temos que levar em conta que em um contingente de milhares de produtos, e em algumas redes com dezenas de lojas, o arroz não é naturalmente utilizado para agregar valor, mas para atrair o consumidor à compra de mercadorias que realmente dão mais retorno ao lojista. Esta lógica foi invertida numa conjuntura de pânico, em março e início de abril, quando se estimava uma safra 10% menor do que a que se colheu no Rio Grande do Sul, numa situação de isolamento social prolongado, no varejo com baixos estoques e numa colheita mais lenta”, frisa.
Segundo ele, nenhuma dessas previsões se confirmou até agora.
A colheita foi maior do que o esperado, a indústria assegurou com eficiência o abastecimento do país, e o consumidor percebeu que pode ir a qualquer dia em qualquer supermercado que vai encontrar arroz e a preços baixos. A expectativa agora, segundo Santos, é para o comportamento do consumo. “Se por um lado pode aumentar porque mais pessoas devem comer em casa, por outro a renda média caiu e o desemprego aumentou e podemos ter uma redução nos valores do auxílio-social. Isso vai impactar mais a demanda por supérfluos e gêneros mais caros, como as proteínas e os pulses, mas pode respingar no arroz e no trigo também”, avalia.
Em contrapartida, o mercado externo segue “bombando”. O Brasil pode ter superado a marca de 200 mil toneladas negociadas em maio, segundo informações extraoficiais de operadores de negócios internacionais, previsão que pode ser igualada em junho. Os preços baixos em dólar, com relação ao mercado internacional, ajudaram a impulsionar as vendas brasileiras. “A meta da cadeia produtiva, que era de 1,2 milhões de toneladas exportadas no ano comercial foi elevada, e já se fala em 1,6 milhões de toneladas, mas recém estamos no terceiro mês e é muito cedo pra mensurar”, avisa Cleiton Evandro dos Santos.
Para ele, as cotações no porto devem seguir estáveis se o dólar se mantiver entre R$ 5,00 e R$ 6,00 ao menos até agosto. “Dois fatores são importantes, neste sentido. O fluxo e o volume de oferta, uma vez que começam a vencer os contratos de financiamento bancário das lavouras e da comercialização, e o parcelamento de dívidas, gradativamente, e a nova safra norte-americana que entra a partir de agosto. Ainda que a pressão de oferta não seja tão grande este ano, é importante lembrar que nas áreas de coxilha de boa parte da Metade Sul, e muitas áreas de terras baixas, a soja foi duramente afetada pela estiagem e as pastagens também, reduzindo o leque de opções comerciais e econômicas de quem adotou a integração ou a rotação de culturas”, observa.
INDICADOR
Segundo dados do Centro de Pesquisa em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), nesta segunda-feira, dia 1° de junho, o Indicador ESALQ/SENAR-RS, 58% grãos inteiros, com pagamento à vista, caiu o 0,19% frente ao fechamento de sexta-feira, 29 de maio, retroagindo até R$ 62,39 por saca de 50 quilos, em casca. Este, segundo os analistas do Cepea, é o quarto dia consecutivo de queda. Pela cotação cambial do dia, com o dólar em alta, a equivalência ficou em US$ 11,60.
Na semana passada já havíamos observado uma tendência de queda nas sextas e nas segundas-feiras, que foi se acentuando e alcançando também a última quinta-feira. Desde quinta-feira, várias empresas se retiraram do mercado para aguardar uma posição mais atrativa.
O produtor, por enquanto, resiste às vendas como pode. Mantendo a tradição, a segunda-feira foi de baixo volume de negócios e muitas sondagens.O movimento de compra e venda segue se concentrando nas terças e quartas-feiras. “Como algumas grandes empresas já fizeram posição e 90% dos embarques de granel já estão armazenados ou sendo carregados para o porto, é natural que o movimento de negócios esfrie um pouco mais. Temos que lembrar que pela primeira vez em décadas tivemos preços excepcionalmente bons com alta produção e no pico de safra”, acrescenta Santos.
PREÇO AO CONSUMIDOR
Com a virada de mês, supermercados abastecidos e garantia de produto, as ofertas voltaram – e mais fortes – para as gôndolas dos supermercados. Feliz fica o consumidor que volta a ter arroz baratinho, até abaixo de R$ 2,00 por quilo, em maior volume, nas chamadas “marcas de guerra”, aquelas em que se busca maior competitividade. Já as marcas tradicionais e líderes de mercado pararam de subir e, mantiveram estabilidade, entre as redes pesquisadas por Planeta Arroz.
Interessante frisar que algumas redes mantêm o limite de vendas de até três pacotes de cinco quilos por consumidor, enquanto outras já retiraram os avisos. Também é importante frisar que, mesmo nas ofertas com os preços mais baixos, os pacotes de um e dois quilos não baixam de R$ 2,45 e R$ 5,85, respectivamente.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, reporta preços médios de R$ 62,80 para a saca de arroz em casca, 50kg, 58×10 no Rio Grande do Sul, enquanto o pacote de 60 quilos (branco, tipo 1) alcança R$ 147,00. Os quebrados estão cotados a R$ 93,00 o canjicão (60kg), R$ 85,00 a quirera (60kg) e R$ 600,00 o farelo (tonelada). Preços muito atraentes no Brasil têm mantido o mercado dos quebrados em alta, com a consolidação de antigos e estabelecidos exportadores e ingresso de novas tradings nas operações nesta temporada.
Fonte: ANÁLISE DE MERCADO – por Patrícia Loss – Jornal do Povo
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