Atacarejo já domina 40% das vendas de alimentos
Segundo estudo da McKinsey, em um ambiente de inflação e de queda da renda, o atacarejo ganhou espaço entre os brasileiros. A busca incessante pelos preços mais baixos garantiu uma alta de 10% ao formato no ano passado, contra uma queda de 2,4% do varejo alimentar como um todo. Com isso, em um ano, a fatia do atacarejo no varejo de alimentos saltou de 35% para 40%. Hoje, são 2 mil lojas desse perfil pelo País. E a perspectiva é de que esse modelo ganhe ainda mais participação, chegando a 50% das vendas nos próximos anos. Em meio à pressão inflacionária, o único formato que conseguiu ser resiliente foi o atacarejo.
O estudo deixa claro que, no futuro próximo, não há perspectiva de que a sensibilidade do consumidor ao quesito preço venha a diminuir. Os consumidores estão dispostos a comprar produtos mais econômicos. O varejo terá de ter oferta de produto, e isso também abre a possibilidade para a marca própria. A pesquisa mostrou que 70% dos consumidores estão buscando melhores preços e que 40% se dizem abertos a comprar opções mais econômicas. A preferência, em tempos de orçamento apertado, tem razão de ser: segundo recente pesquisa da Nielsen, os produtos básicos são, em média, 15% mais baratos nos atacarejos do que em supermercados e hipermercados.
A McKinsey classifica o atacarejo como um vencedor na crise. É um formato que deu certo e tudo indica que vai continuar a crescer. Depois de as grandes redes já terem avançado nas capitais brasileiras, a tendência agora é de avanço no interior dos Estados. Outra constatação é de que hoje o modelo faz parte do dia a dia de todas as classes sociais, e não só da baixa renda. A consultoria em varejo Varese afirma que o atacarejo tem ganhado força no Brasil desde a crise de 2015. Na época, 47% das famílias brasileiras costumavam visitar essas lojas, percentual que subiu para 65% no ano passado. A agressiva abertura de lojas também auxiliou o setor. O atacarejo ganhou muito por conta da expansão.
Foi um formato agressivo em aberturas de lojas e migração, o que faz com que o market share (participação de mercado) cresça. As mais de 2 mil lojas de atacarejo no Brasil faturaram R$ 230 bilhões no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviços (Abaas) e da NielsenIQ. A expansão do número de lojas foi forte: 26% apenas em 2021, especialmente nas Regiões Norte e Sul, além dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Na Região Norte, o grande nome do segmento é o Grupo Mateus, que tem colocado o pé no acelerador desde que abriu seu capital, em 2020. Hoje, o grupo possui 210 lojas. Mais da metade está no Maranhão, onde a rede foi fundada e detém 80% de participação no setor.
Outra “onda” de novas lojas de atacarejo está vindo com a venda dos pontos do Extra Hiper para o Assaí, a bandeira de atacarejo pertence ao francês Casino, mas foi desmembrada do Grupo Pão de Açúcar (GPA) no Brasil. O Assaí, que tem hoje 216 lojas, prevê abrir mais 50 unidades neste ano, número recorde. O modelo tem sido bem recebido por toda a parcela da população. Agora, uma das estratégias do Assaí é agregar mais serviços às unidades, como o de açougue. O fato é que, em um ambiente de inflação e de queda da renda, o atacarejo ganhou espaço entre os brasileiros. Fonte: Broadcast Agro.
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