Preços se recuperaram em março, mas pressão de oferta segurou avanço
Depois de ter marcado 2% de recuperação ao longo de março, o Indicador de preços do arroz em casca (58×10) no Rio Grande do Sul, Cepea/Irga-RS, começou o mês de abril ainda buscando um posicionamento mais claro diante do avanço da colheita, que chegou aos 50% da área segundo os boletins de acompanhamento de safra do próprio Irga e da Emater/RS. Os preços mostraram estabilidade e até mínima recuperação ao longo de março em função das incertezas quanto ao comportamento da colheita – apesar da certeza de que será menor; da dimensão dos estoques – que também serão menores – e do câmbio, que não deixou claro se o Brasil seguiria exportando. Pelo menos os preços deixaram de cair, embora na última semana a pressão de oferta retirou um pouco da aceleração que se via na reação dos preços ao produtor. O quadro é de muitos produtores sem interesse na venda, mesmo para exportação, à espera de preços mais elevados que compensem os altos custos da lavoura e, até prejuízos causados pela estiagem que em alguns casos pontuais gerou perdas bem representativas.
Segundo o Cepea, entre janeiro e março deste ano, a média mensal ponderada do arroz em casca no Rio Grande do Sul, representada pelo Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros, com pagamento à vista), recuou 6,13%, passando de R$ 91,36/saca de 50 kg para R$ 85,75/sc. O boletim do Centro da Esalq explica que, historicamente, o movimento é de baixa no primeiro trimestre do ano, devido ao período de colheita nas principais regiões produtoras do Mercosul.
No entanto, a média do Indicador no primeiro trimestre de 2023, de R$ 88,11/sc, é a segunda maior já vista para o período – atrás apenas da registrada nos primeiros três meses de 2021 (de R$ 88,20/sc) – vale lembrar que a série do Cepea se iniciou em 2005. Este cenário está em linha com a expectativa do setor, de que os preços seguissem firmes, fundamentado na menor oferta prevista para a atual temporada, frisa o documento.
A expectativa do setor segue sendo de preços em recuperação mais acelerada ao longo do ano. E que sejam buscados valores próximos aos recordes de 2020/21, ou seja, acima de R$ 105,00 de média no indicador.
O movimento de exportações tem ajudado. Alguns países importadores estão voltando a buscar grão no Brasil de forma mais enfática graças ao comportamento cambial. A boa aceitação do “Arcabouço Fiscal”, na semana que passou, porém, poderá ter um impacto de queda no dólar, segundo alguns economistas, e isso poderia retirar a competitividade do grão brasileiro. Fatores externos – como os juros dos EUA e a inflação global – por outro lado, têm mantido o dólar em patamares que tornam o Brasil atuante no movimento de venda e carregamento nos portos.
Notou-se leve reação nos preços aos consumidores pelas redes varejistas nos últimos 10 dias.
Fonte: – Cleiton Evandro dos Santos – AgroDados – Planeta Arroz.
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