Mercado marca passo com indústria e varejo aguardando oferta. Arrozeiro espera alta
O mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul abriu o mês de outubro marcando passo, depois de registrar uma queda de 2,4% em setembro, segundo o Indicador de Preços Esalq/Senar-RS. A queda de braços entre oferta e demanda, ao longo da cadeia produtiva, é mantida com o produtor ofertando minimamente e buscando manter preços acima dos R$ 77,00 (posto porto), mas com negócios consolidados com referência entre R$ 72,00 e R$ 74,00 na maioria das praças para o grão 58×10. Volumes é que são pequenos. Pelo menos uma grande indústria de fora do RS abriu negociações, na segunda-feira, propondo liquidação com referência de R$ 70,00 por saca, mas não consolidou negócios, apenas sinalizou uma posição ao mercado.
Nota-se claramente que o elo mais pressionado da cadeia produtiva, no momento, é a indústria. O segmento continua fazendo concessões a um varejo exigente e que a cada semana força baixa no fardo. Algumas empresas alegam retração de 25% a 40% nas semanas finais de setembro, com o varejo se retirando depois do dia 20, 22. A movimentação no porto na Zona Sul exigiu que algumas indústrias fizessem posição. Ao mesmo tempo, a indústria não tem conseguido liquidar grão armazenado em valores que consiga remunerar o fardo na negociação com o varejo.
A situação, apesar de um estoque alto de arroz em casca sendo carregado no Sul do Brasil por causa da grande safra, importações e estoque de passagem, e relativa estabilidade de área cultivada projetada para a próxima temporada, pode obrigar as pequenas indústrias a optarem por pagar mais se quiserem adquirir lotes mais substanciais, ao menos no curto prazo. Não há negociação de grandes lotes nem entre arrozeiro e indústria e nem entre indústria e varejo.
Aliás, estes dois últimos elos seguem esperando uma queda dos preços pela pressão de oferta. O produtor, por sua vez, viu luz no fim do túnel com a disparada do valor do dólar sobre o real rondando os R$ 5,50. Três navios movimentam arroz no porto de Rio Grande. Um partiu há pouco com 7,5 mil toneladas de arroz branco em bags, para o Peru. É uma tentativa das indústrias gaúchas de seguirem competindo naquele mercado com arroz de alta qualidade diante das enormes dificuldades de obter e pagar o custo exorbitante dos contêineres.
Até sexta-feira deve terminar de carregar o cargueiro com 30.450 toneladas de arroz branco para Cuba. O embarque atrasou, mas está sendo finalizado. O terceiro navio deve carregar após o dia 15, mas já está no porto descarregando fertilizantes. Serão mais 29 mil toneladas para Costa Rica e outros países da América Central.
A expectativa é de que daqui pra frente a movimentação seja pequena para exportação, mesmo com a desvalorização do real. Isso porque os Estados Unidos está em plena safra – e mesmo com leve aumento nos preços da América do Norte – e a América Central está “comprada”. O dólar, para o Brasil competir hoje com os demais países do Mercosul e os EUA, e retomar participação em alguns mercados que voltaram a priorizar o fornecimento norte-americano, precisaria superar os R$ 5,70.
Pelo recolhimento da taxa CDO, divulgado pelo Irga, com base nas informações da Fazenda Estadual, o RS beneficiou ou comercializou 670 mil toneladas de arroz em setembro, mesmo volume de agosto. Mas, alguns especialistas acreditam que o número de recolhimento de setembro, divulgado em outubro, na verdade refere-se ao volume de agosto. Isso porque muitas indústrias afirmam que houve uma retração substancial na comercialização em setembro.
Por outro lado, o agricultor tem se mantido mais capitalizado e agora volta-se às preocupações com o plantio, a disparada dos custos e as dificuldades em obter insumos, seja em função dos preços, da indisponibilidade ou dos atrasos na entrega.
PREÇO AO CONSUMIDOR
A pesquisa realizada por Planeta Arroz em seis capitais brasileiras indica retração nos preços mais comuns e nas mínimas praticadas pelo varejo no pacote de cinco quilos de arroz branco, Tipo 1. A média baixou dos R$ 24,00 enquanto a mínima chegou aos R$ 12,99, praticamente o preço alcançado por marcas “de guerra” no pré-pandemia. Pesquisa realizada pelo instituto DataFolha aponta que 62% dos consumidores brasileiros assumiram uma retração no consumo de alimentos, entre eles o arroz, em função dos preços praticados e a perda de poder aquisitivo. Fonte: ANÁLISE DE MERCADO – por Cleiton Evandro dos Santos – AgroDados – Planeta Arroz.
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