A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) enviou um ofício à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, solicitando a criação de duas linhas de crédito emergenciais, com o propósito de dar liquidez ao setor diante da pandemia de coronavírus e também por causa da estiagem no Rio Grande do Sul. A previsão é de que o ciclo financeiro de pagamento e recebimento das cooperativas agropecuárias gere déficits no fluxo de caixa no curto prazo. O texto explica que cooperados e fornecedores recebem entre um e dois dias após a comercialização, enquanto a cooperativa geralmente recebe pela venda de seus produtos em média 30 dias.

Por causa disso e do elevado patamar do câmbio, os produtores estão fixando a produção em ritmo muito mais acelerado do que a média histórica e algumas cooperativas que atuam em cadeias produtivas mais intensivas em capital, como carnes e lácteos, já começam a sentir os efeitos da crise. O custo financeiro de algumas operações multiplicou em apenas alguns dias. A OCB cita como exemplo de custo financeiro as CPRs, que estavam sendo negociadas entre cooperativas e bancos ao preço de 5,5% ao ano no início da semana passada, e, três dias depois, já estão sendo negociadas no patamar de 10% ao ano. Em pouco tempo, dadas as repercussões muito negativas do Covid-19, com o possível fechamento de países inteiros, as cooperativas agropecuárias poderão se deparar com a interrupção do fluxo comercial e de embarques para o exterior, com sérios impactos de deficiência de tesouraria e queda abrupta de liquidez de tais empreendimentos.

Diante disso, a OCB reivindica à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a criação de linha emergencial de crédito às cooperativas de produção agropecuária, via Procap-Agro, para capital de giro, com limite de R$ 65 milhões e taxa de juros de até 6,5% ao ano, com prazo de seis anos para pagar, com dois anos de carência. Além disso, em razão da estiagem no Rio Grande do Sul, também foi pleiteada criação de uma linha emergencial de crédito às cooperativas de produção agropecuária, dentro do Procap-Agro Emergencial Estiagem. A finalidade dessa linha seria possibilitar a renegociação de até 100% do montante devido à cooperativa por seus associados em decorrência de débitos vencidos e vincendos entre 1 de janeiro e 30 de dezembro de 2020, desde que contraídos para aquisição de insumos para utilização da safra 2029/2020. O limite também seria de R$ 65 milhões e as mesmas condições da outra linha citada acima. Fonte: Agência Estado.